A modernidade trouxe uma sobrecarga de tarefas e informações. Aquele que dá conta de desempenhar mais de uma função ao mesmo tempo, o multitarefa, é valorizado e considerado mais produtivo.

Nós, mulheres, desde cedo, convivemos com o mito de sermos multifuncionais. A mulher deve ser mãe, esposa, profissional, filha, dona de casa, dentre diversos outros papéis que se acumulam e repetem no dia a dia. A mulher trabalha fora e dentro de casa, exerce dupla, tripla jornada de trabalho, desempenha inúmeros papéis e tarefas, na busca por constante aprovação e reconhecimento. Vivemos fazendo e refazendo listas de afazeres em uma contínua sobrecarga de funções.  Executamos várias tarefas ao mesmo tempo, o que, muitas vezes, nos leva a agir mecanicamente, sem prestar atenção ou nos concentrarmos efetivamente em cada atividade.

Na realização das obras do presente trabalho, enfatizei a repetição dos gestos e o excesso de elementos, como uma forma de expressar o acúmulo e a sobrecarga (inclusive mecânica) de tarefas. A reiteração dos padrões e a pequena variação de cores foram usados também para ressaltar a mecanização.

Acúmulos é um convite à reflexão sobre os excessos da vida moderna. Será que precisamos ser multitarefas o tempo todo? Será que precisamos viver sempre correndo e cumprindo listas de afazeres?

Ficha técnica: (1) Acúmulos, composto por tecidos de cambraia de linho de aproximadamente 22cm x 22cm bordados à mão; (2) Sobrecargas, pinturas em acrílica sobre papel de aquarela bordadas à mão, medindo 32cm x 24cm cada; (3) Acúmulos Sedimentados, acrílica sobre pequenos retalhos de linho de aproximadamente 3cm x 3cm sobrepostos uns sobre os outros sobre base Canvas de 60 cm x 60cm; e (4) fotografias.