OFEREÇO MEU RETRATO COMO LEMBRANÇA (2018 - ...)

No desalento do viver, foi sobrevivendo. Juntando cacos, aqui e ali, fragmentos de quem imaginou ser um dia” (Juliana Arruda).

 

Ofereço meu retrato como lembrança investiga as ausências de uma imagem. O que a imagem não mostra? As faltas, as amarguras e os vazios.

Revisito a memória da minha avó materna, figura marcante em minha infância. A partir de documentos e fotografias do arquivo de família, encontrei retratos de uma avó sorridente em sua juventude, completamente diferente da pessoa taciturna que conheci. As fotografias, em especial as de família, registram apenas bons momentos, além de seguirem preceitos sociais, como o de expressar “ares de felicidade”. As fotos não revelam as agruras que passamos. A fotografia não dá conta da vida, é apenas um recorte do real, um fragmento e nunca a história por inteiro.

O trabalho fala sobre o que fica de fora de uma fotografia. Sobre memórias que não cabem em imagens. Sobre ausências, avessos e silêncios. Antes, oferecíamos retratos como lembranças afetivas. Imprimíamos as fotos, fazíamos álbuns e reuníamos a família para recordar momentos e estórias. As imagens dos álbuns possibilitavam narrativas para além do quadro fotográfico, inclusive com novas significações a cada vez que eram revisitados. Atualmente, as fotografias não são mais impressas. As imagens não possuem corpo. A grande maioria permanece arquivada em computadores, celulares e mídias sociais, sendo rapidamente substituídas por outras.

… trabalho em andamento.

Ficha técnica: fotografias (algumas bordadas à mão), objetos e vídeo com 1:40 de duração.