SEGUNDA PELE (2018 - 2022)

Segunda Pele parte das memórias do corpo que caminha em compasso com a vida – a vida vivida nas miudezas do dia a dia, entre as doçuras e as dores. Cada corpo carrega uma trajetória única, feita de escolhas e perdas, e carrega na pele as marcas e cicatrizes do que viveu – a segunda pele. Para habitar o presente, às vezes é necessário olhar para trás, revisitar lembranças e acolher a velha pele, a fim de seguir com as cascas adquiridas ao longo da jornada. As memórias têm o poder de reviver o que passou, tornando-o presente de novo, agora com a chance de ressignificar lembranças que podem ser completadas ou fabuladas nos seus dissabores, lacunas e incompletudes.

Segunda Pele mergulha na paisagem da infância, quando os dias se arrastavam lentamente e a imaginação corria solta. É nesse tempo dilatado que se revelam as existências mínimas – a vida em suas insignificâncias – e as pequenas perdas do cotidiano e o que deixamos de ser a partir delas, afinal o que somos hoje já não é o que fomos ontem. O ensaio se constrói por meio de deslocamentos sutis que percorrem imagens da memória – reais ou fabuladas -, na tentativa de reviver a velha pele e reencontrar o olhar demorado e a poesia do silêncio de um tempo que não volta mais.

O trabalho usa fotografias autorais e fotografias de família da artista para criar imagens que ora são frágeis e esmaecidas, ora rugosas e resistentes, tal como as memórias. Segunda Pele é um convite ao demorar-se, à percepção das pequenas coisas e ao caminhar a contrapelo dos sentidos anestesiados pela aceleração do presente. É um gesto de reconexão com o corpo que ainda sonha e imagina distante.

O projeto é composto por um ensaio fotográfico, vídeos, poemas, uma fotoescultura e um fotolivro publicado em 2022.

Ficha técnica: fotografia digital, vídeos, poemas, fotoescultura na dimensão de 33,33 x 50 cm.