ESCRITA PARA PREENCHER A ESPERA (2022 -...)
O trabalho teve início a partir da frase “estou escrevendo para preencher a minha espera”, extraída do romance Correio Noturno da escritora Hoda Barak (1) e de uma pequena fotografia adotada junto ao Arquivo Coleções de Histórias Ordinárias (ACHO). É uma foto antiga, de uma mulher, apoiada com uma das mãos em um gradil. Sua pose lembra a de quem espera, talvez a própria consumação da foto.
A partir de tais referências, realizo variadas formas de escrita para propor uma reflexão sobre a fragmentação do tempo. O tempo sem ritmo, que dispersa das vivências. O tempo sem permanência e sem duração de presente. A escrita se manifesta através de pequenos gestos que provém do corpo. O corpo que apreende e percebe a si mesmo em atos lentos e repetitivos. A repetição acalma, nos traz para o presente e passamos a ser por inteiro.
O gesto da escrita. O gesto de costurar. O gesto de bordar. O gesto de desfiar. O gesto de procurar. O gesto de colar. O gesto de pintar. O gesto de ferir (o papel). O gesto de furar. O gesto de encaixar. O gesto de enrolar. O gesto de recortar. O gesto de fotografar. O gesto de repetir.
(1) Tradução Safa Jubran – 1a. ed. – Rio de Janeiro: Tabla, 2020.
Ficha técnica: objetos, fotografias, tecido e papel.